É tempo de voltar …

De repente lá se foi um mês, 30 dias em Cape Town! Já é hora de voltar. Nesta última semana, vivi cada dia com mais intensidade, principalmente no contato com as crianças, contato me rendeu um souvenir bem diferente: uma gripe daquelas! (Que não é Ebola, antes que você pense que tem crise de Ebola na África do Sul, porque não tem, ok? Rsrs).

Em uma das noites dessa última semana fomos em um festival de música, em Ocean View, comunidade carente perto de Masi. Gente, que sensacional! Me encantei pelo rap desses meninos! Compartilho um trechinho com vocês. (“Every night I dream the impossible, the impossible, the impossible!”)

Passamos as tardes em um abrigo para crianças, tipo um orfanato, o Jones Safe House. Uma casa fundada por um padre que hoje é administrada por um casal muito bacana que ama o Brasil! As crianças de lá? Aaaah quanta doçura! Aprendi tanto com eles, até a rezar o Pai Nosso em Xhosa. (Compartilho essa graça com vocês!!)

No nosso último dia lá, fomos brincar de Face Painting, fazer desenhos legais no rosto das crianças, mas aí nos rendemos a esses pequenos artistas e voltamos pra casa assim:

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A minha despedida com os pequenos da creche foi tão, mas tão especial! Nos últimos dias cantamos ” Aleluia, aleluia” (aquela musiquinha que a gente canta nos retiros com ” braço direito, braço esquerdo”, sabe? Mas lá com as crianças só fiquei no Aleluia mesmo). Foi demais. Na hora de dar tchau, chorei! A Mama Thandi reuniu todas as crianças e me agradeceu com elas. Consegui gravar uma parte, compartilho com vocês. (Ignorem a minha voz  de choro e com gripe, os erros no inglês e a tremedeira da câmera).

A gratidão maior fica no meu coração. O que eles deixaram na minha vida é infinitamente maior do que eu deixei em Masiphumelele e na creche Ithemba. Deus, valeu (de novo) por ter me amado tanto nos olhares, nos abraços, nos sorrisos dessas crianças!

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Nas últimas tardes de folga fomos para o Waterfront novamente, e dessa vez passamos pelo Green Point, um dos estádio sede da Copa do Mundo de 2010. Lindo, queria muito ter entrado, mas esse também é um desejo dos Sulafricanos, já que os jogos lá são raaaros. Na volta, da estrada, novamente contemplamos o por do Sol (sim, de novo eu estou falando do por do Sol), e por saber que era um dos últimos que eu via ali, foi mais intenso. Deus caprichou pra nossa despedida da Cidade “Linda” do Cabo.

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A volta pra casa foi bem tranquila. A adrenalina maior não foi no avião, foi na hora de pesar a mala  que veio no limite de peso permitido: 22kg. O permitido é 23kg.

De volta pra casa, pra família, pros amigos, pro trabalho, pro TCC. Sonho realizado, coração  cheio de gratidão, pronto pra  sonhar e realizar outra vez, pois há muitos que também precisam sonhar, que precisam das nossas mãos, dos nossos corações, dos nossos sorrisos e abraços. Como diz a grande (que viveu pequena) Madre Teresa de Calcutá, “Não é o quanto fazemos, mas quanto amor colocamos naquilo que fazemos”.

Aos poucos vou organizando as fotos e os vídeos para poder guardar e compartilhar tanta coisa linda que eu vivi na Cidade “Linda” do Cabo.  Mas se você quer saber mais detalhes sobre a incrível experiência de voluntariado na África do Sul, te convido a tomar um café, ou chá, ou uma coca, ou uma cerveja, comigo aqui em casa!

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Obrigada pela companhia aqui no blog! Nos vemos em breve! Waka Waka =) Paz!

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Escovas de dente pra galera, Ubuntu, brigadeiro e pôr do Sol

Agosto se despede com um domingo lindo de Sol, e a minha última semana por aqui (ai meu coração) promete ter um clima bem quente, com  aquelas lindas tardes com pôr do Sol pra derreter qualquer coração.

Falando em despedida, ontem foi dia de dar tchau para minhas duas parceiras brasileiras que nessas horas estão chegando no Brasil. Mari e Bia! Foi demais partilhar esses dias com vocês! Com certeza, quando for pra Floripa ou pra Natal temos que tomar um café ou uma cerveja juntas! Mari, em especial pelo tempão que passamos juntas, obrigada pela parceria, e por me fazer sentir em casa nos primeiros dias.  I’m missing you here! Em uma das últimas noites juntas, fizemos brigadeiro pra galera! Todo mundo curtiu!

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A semana com as crianças foi muito especial! Já me dá uma dor no coração pensar em não ver mais esses rostinhos todas as manhãs. Conseguimos colocar em prática a ideia das escovas de dente! Compramos as escovinhas, colocamos nome de cada um e entregamos para as crianças mais velhas da creche onde eu a Mari trabalhamos, que se chama Ithemba (em Xhosa significa esperança *-*)! Foi demais, na próxima semana irei entregar para o outro grupinho de 3 a 4 anos ! De três em três, tentamos ensinar o passo a passo. Percebemos que algumas tem familiaridade com a escova, mas por outro lado, outras pareciam nunca ter visto e chegaram até a engolir a pasta de dente, sem saber muito bem como usar. Na próxima  semana, sem a Mari e a Elena (alemã que estava no mesmo projeto que nós e que foi embora hoje) tenho a missão de dar continuidade e tentar fazer com que vire rotina, pelo menos uma vez ao dia. Essa é nossa meta!

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Conhecemos uma outra creche também em Masi, a Siyakhulisa (ainda não sei o que significa) menor que a Ithemba. Trabalhei alguns dias dessa semana lá, e tive uma experiência tão simples e profunda com um bebê de 10 meses, a Ovayo, muito fofinha depois de brincar com meu cabelo, dormiu no meu colo.

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Não sei qual a história dela, nem de nenhuma outra criança aqui, mas em cada olhar e abraço que dou e recebo aqui acontece o que na cultura Xhosa (língua falada na favela) chamam de Ubuntu, algo que aprendi aqui na casa da Candi, onde estou morando nestas quatro semanas. O Ubuntu é tipo uma “filosofia” muito forte aqui na África do Sul,  intrínseca a todo o processo de abertura política após o apartheid, e que consiste na vida em comunidade: “a minha humanidade está inextricavelmente ligada à sua humanidade”, disse o nobel da Paz Arcebispo Anglicano da África do Sul, Desmond Tutu.  Eu só me torno pessoa no momento em que eu me abro para o contato, para o relacionamento com o outro, sempre diz a Candi aqui na casa, nas conversas filosóficas durante o jantar.

Expliquei o Ubuntu pra dizer que é isso que eu sinto no relacionamento com as crianças. Como meus óculos chamam atenção, as vezes ganho olhares bem de perto, face a face, e aqueles segundos são preciosos! Não há nada que pague ou que explique essa comunicação que não precisa de palavras e que me faz me sentir mais pessoa!

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Nessa semana  fomos para um bar aqui perto de casa e, engraçado que conversando com a galera, você percebe que as motivações para o voluntariado são comuns entre a maioria.  Cada um com uma história, mas todas convergem na busca por algo que vai além. (Mais pra frente escrevo mais sobre esse assunto) No bar, depois de uma taça de vinho  e uma smirnoff ice o meu inglês começou a fluir que é uma beleza, até eu trocar “toys” por “boys”. Falando em brechas com o inglês, na sexta-feira fomos ao restaurante mais famoso aqui de Cape Town, que reúne os pratos mais típicos de toda África. E quando o pessoal estava discutindo sobre qual pub iríamos depois do jantar, sugeriram um bar irlândes (Irish pub), mas eu entendi Orange Pub! E saí falando pra mesa toda que iríamos no Orange Pub! Oh my God!

O Mama África é um restaurante bem bacana, o preço é acima dos valores comuns aqui, mas vale a pena a experiência do lugar, da música bem típica e dos pratos alternativos da África. No cardápio: carne de crocodilo, springbok (tipo uma cabra/gazela), avestruz,  javali (sabe o pumba do O Rei Leão? Então, aqui você pode comê-lo), mas também tem bife, curry de frango, e outras coisas mais comuns. Lembra daquele avestruz que eu mostrei em um dos primeiros posts aqui? Então… comi!

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Os pratos são servidos com uma polenta e um tipo de grão que parece um milho ou feijão branco.  Me chamou a atenção a sobremesa aqui, senti o gostinho de Brasil: um tipo de pudim com coco que parecia um bolo de milho, não sei explicar mas lembrou festa junina. Curti!

Depois do Mama Africa, que fica na Long Street, a mais badalada avenida de Cape Town, fomos para o Irish Pub, que não era orange, e se chama Dubliner! Muuuuito bom!  Como havia dois caras tocando juntos e o ambiente tinha um estilo meio country, a primeira impressão era de uma balada sertaneja, mas a música era bem variada e teve até Backstreet Boys para o delírio do público feminino (“I want it that way ♪”)!

No sábado fomos para o Hout Bay Market, uma feira de artesanato e comida bem diversa! Um lugar meio caro pra comprar, mas com muita coisa boa e legal de olhar e de experimentar. Foi lá que tomei meu primeiro sorvete aqui (demorô)! Aai que delícia! O sabor faz a plaquinha que estava na barraca ter todo o sentido!

2014-08-30 13.03.11(Você não pode comprar felicidade, mas você pode comprar sorvete, e é a mesma coisa!)

Fui novamente à missa aqui na Igreja de São José, que fica em Kommijtie. É incrível como a gente se sente muito mais em casa quando recebe a eucaristia, ainda mais quando a música de comunhão é a “A Barca”, em inglês.

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 E meu último domingo por aqui está acabando nesse momento em que eu escrevo esse post. Dia lindo! Passamos a manhã em Long Beach (É  Praia Grande, mesmo! Mas não é como a praia paulista) e no almoço comi o famoso “Fish and Chips”, peixe com batata frita, herança inglesa aqui na África do Sul. Uma combinação não muito familiar para nós no Brasil, mas que aqui é tipo cachorro-quente e pastel em São Paulo, tem em qualquer lugar. Muito bom!

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No fim do dia: um piquenique na beira da praia na companhia dele: o pôr do Sol! E piquenique com direito a vinho na caneca!   Como disse a Beth, voluntária inglesa, foi tudo muito romântico só faltou um par pra cada uma, rsrs.

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Pra fechar a noite no clima romântico, chegamos em casa e estava passando “P.S I love you” na TV. Oh my God! Agora vou dormir porque amanhã começa minha última semana aqui em Cape Town. Vontade de ficar mais tempo não falta, mas como diz a Candi,  o “voltar pra  casa” faz parte da vida, e que bom que temos para onde retornar. Bom, mas sobre despedidas a gente conversa no próximo post!

Boa semana!

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Dias bem “África” por aqui

Os últimos dias por aqui foram divertidíssimos e bem corridos (por isso demorei para escrever, e por isso também, este post ficou enorme. Mas se você quer conhecer um pouco mais sobre a  Cidade do Cabo e seus arredores, vai lá buscar um café e fique a vontade para ler até o final =)

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Fora o tempo do trabalho nos projetos, (que esgotam a nossa energia) tento equilibrar o tempo para descanso com o tempo para a bagunça, hehe! (porque afinal estou de férias, e assim que voltar para o Brasil, já volto para a labuta).

Mama Tradicional Healer

Na semana passada fomos conhecer  uma Mama Tradicional Healer, aqui em Masi. (Depois de duas semanas já estou íntima e posso chamar a favela  Masiphumelele carinhosamente de Masi ;)).  Uma tradicional healer aqui na África do Sul é uma espécie de “curandeira” da comunidade, que recebe as pessoas com problemas físicos e espirituais. As “tradicionals healers” acreditam no poder dos ancestrais e por meio deles buscam a cura para as doenças.  Pedimos a mama que desse a cada um dos voluntários um nome na língua Xhosa. Recebi o nome de Thembela, que significa “aquela que põe a confiança e a esperança em algo maior”.  Achei interessante, porque a Mama nem sabia nada sobre mim, e como católica, busco esperar e confiar em Deus (maior).  Entrar na casa dela, conhecer os rituais e olhar nos olhos dessa mulher foi uma experiência muito rica, não dá pra descrever, foi bem ‘África’!

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Aula de Surf

No mesmo dia que fomos conhecer a tradicional healer, fomos também para a aula de surf (ilário!). A aula faz parte de uma das atividades do programa de voluntariado, então lá fomos nós! A praia escolhida foi Muizenberg. Linda! Se você ‘der um google’ as primeiras coisas que vão aparecer  são as casinhas coloridas (como as da foto abaixo) e um monte de surfistas!

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Aquelas duas horas de aula entraram para a lista de insanidades que valem a pena cometer em Cape Town. Bebi muita água gelada e salgada, virei a prancha de ponta cabeça inúmeras vezes, gritei e ri escandalosamente, curtindo as ondas (deitada na prancha, lógico! O máximo que consegui foi ficar de joelhos na prancha. Precisava de mais uns dias de aula, e de engolir mais alguns litros de água do mar pra conseguir ficar em pé!) Foi divertido! Eu recomendo! Mas se você não tiver muito preparo físico que nem eu, se prepare para uns dois dias de dor nos braços.

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Kalk Bay

Na sexta-feira, dia 22, foi dia de beber, cair e levantar! Brincadeeeeeeira! A You2Africa promoveu um encontro de voluntários em um bar de uma das praias mais badaladas aqui de Cape Town, a Kalk Bay! Os bares ficam na beira do mar, bem legal! Mais legal ainda foi que eles pagaram os drinks!  Bebi o Mojito mais doce da minha vida! Mas estava bom! Na mesma noite fomos ainda num bar Cubano, o Cape to Cuba. Apesar das imagens de Che Guevara,  das folhas de tabaco penduradas no teto, o lugar tinha um clima bem agradável! Enquanto a galera se acabou na tequila, eu só bebi o famoso springbok, uma dose de amarula com menta (bem delícia!) Foi divertido, mas como no dia seguinte a subida a Table Montain nos esperava, não ficamos muito tempo por lá.

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Table Montain

Sábado, 23, foi dia de encontrar a alma da cidade arco íris, a Table Montain. Na verdade, desde o avião na chegada à cidade, já é possível ver uma das sete maravilhas da natureza, mas no sábado foi dia de enfrentá-la a pé, até seu topo. Foi um desafio maior que a Lion’s Head, que eu já contei aqui. A Lion’s Head tem cerca de 600m de altura, já a Table Montain tem 1085 m. Levamos pouco mais de duas horas pra subir a Montanha Mesa. “Devagar  e sempre” foi o lema. A emoção de chegar lá em cima é indescritível, de verdade. A vista é incrivelmente sensacional e faz com que toda aquela dor nas pernas tenha valido a pena. Lá em cima, você percebe que realmente ela tem um formato de mesa. Tudo plano. É possível caminhar bastante, ver as espécies que lá habitam e morrer de frio. Não tenho noção da temperatura que enfrentamos lá, mas foi um frio que me fez tirar a mão do bolso poucas vezes para fotografar. Para descer, optamos pelo bondinho . A descida dura de 5 a 10 minutos  e o mais diferente é que o chão do bondinho vai girando, e então você tem uma vista 360º! Nas fotos: 1.topo da montanha e a cidade toda lá em baixo; 2. zoeira na imagem do bondinho, na fila antes de descer.

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Curiosidade: Um dos motoristas da You2Africa, que carrega a gente por aqui, me disse que ao redor da Table Montain é possível identificar 12 “morros” anexos a ela (meu, não sei como descrever isso, ), e que esses “morros” são os 12 apóstolos na Santa Ceia.

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Ainda nestes últimos dias fomos as compras! No Centro de Cape Town há um lugar chamado Green Maket, vulgo ‘camelódromo artístico africano’! Bem legal, mas perigoso, porque, como eu já contei aqui, os vendedores são tão simpáticos que corre o risco de você gastar toda sua grana e não ter nenhum trocado para voltar pra casa de trem. Falando nisso, o trem aqui é bem básico, sujo e antigo, mas funciona e liga regiões distantes da cidade.

Stellenbosch 

Para aumentar a zoeira do 7×1 por aqui,  mais um brasileiro chegou nessa semana =) e com ele a vontade de pegar um carro e sair dirigindo por aí! Foi o que fizemos no último domingo. Fomos para Stellenbosch, uma cidadezinha que fica a mais ou menos uma hora de Cape Town, e que é o polo de produção de vinho de toda a África do Sul. A estrada pra lá é linda, vai beirando a praia e as montanhas que têm uma vegetação bem “África” mesmo , aquela “savana” que a gente vê nos livros de geografia. Curiosidade: tem muito “copo de leite” aquela flor branca, bonita!

Em Stelenbosch, há mais de 300 vinhedos! Conhecemos dois: o Blaaukwklippen, e o Avontuur, onde fizemos o wine tasting, vulgo “beber um pouquinho de cada tipo”. Delícia! Almoçamos em um restaurante que fica em uma plantação de morangos (I S2 Strawberry!)  e que vende espantalhos para a agricultura (foto).

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Na volta, a bateria do iphone do Alexandre (o brasileiro que se aventurou a dirigir pelo lado direito do carro) acabou e tivemos que seguir a intuição e algumas placas para chegar em casa sem o Waze.  Para fechar o domingo, vimos o pôr do Sol em uma rodovia chamada Champmans Peak Road. Sabe aquele céu do O Rei Leão? Então, foi exatamente daquele jeito: o Sol caindo no mar e o laranja, amarelo e azul colorindo o céu fazendo qualquer um ficar de boca aberta, olhar pra cima e dizer “Deus, valeu!”. Termino este post com essas fotos do ‘sunset’, vai que você também olha pra cima e diz, “Deus, valeu!”. Em breve mando mais notícias =)

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“Check in” em Robben Island

Um dos passeios que estava na minha lista de “to dos”  aqui em Cape Town era a Robben Island – a ilha onde fica a prisão de segurança máxima  em que Nelson Mandela ficou preso na época do Apartheid. Considerada patrimônio da humanidade pela Unesco, a ilha hoje  é atração turística e a cadeia  está desativada. Entrar lá foi uma aula de história!

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Painel localizado na entrada da ilha

O mais legal,  e o que deixa a visita ainda mais autêntica, é que quem nos recebe para o tour dentro das dependências da cadeia é um ex-preso político! E foi um deles que nos contou sobre a história de Robben Island e também explicou um pouco sobre como era a rotina dos presos por lá.

A prisão começou a funcionar em 1960, mas antes, em 1910, a ilha abrigou um hospital e cemitério para leprosos.

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Cemitério de leprosos em Robben Island

O ex-preso político (que eu não lembro o nome) nos contou que a rotina de quem ficou preso  ali era bem hard. E claro, os negros tinham um tratamento bem diferente dos “coloureds”, como eles chamavam  quem não era negro nem branco ou quem tinha uma origem indiana, ou asiática. O tratamento que eu chamei de diferente é como você está pensando, bem, mas bem hard, até a comida era inferior. Além da repressão, eles trabalhavam na manutenção de toda a ilha, e muitas vezes para isso quebravam pedras (literalmente). E quebrar pedras era uma das atividades que reuniam os presos políticos em uma espécie de caverna onde podiam ter discussões sobre a situação política do país. Aaah! Eles eram proibidos de falar em suas línguas de origem, só podiam conversar, diante dos guardas, em inglês.

A experiência de estar em um lugar que abrigou a raiz de uma mudança política, cultural (e muitos outros tipos de mudança por aqui) foi bem impactante.

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Foto da sela de Nelson Mandela

É difícil, pelo menos pra mim, imaginar viver o Apartheid, uma segregação e uma  repressão politicamente estabelecida pela cor. Aqui em Kommetjie, nas ruas próximas às praias existem placas onde está escrito “No dogs”. Moradores disseram que onde hoje está escrito dogs, anos atrás já esteve escrito  “blacks”.

No tour descobri que o atual presidente daqui, Jacob Zuma, também foi preso político em Robben Island por 10 anos. Mandela ficou lá por 18 anos, ao todo.

O passeio levou quase 3 horas, incluindo o tempo de deslocamento. Tanto no caminho de ida como de volta é possível ter uma das mais belas vistas da Cidade do Cabo!

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Foto que eu fiz no barco, voltando da ilha

O barco para Robben Island sai de um lugar chamado Waterfront, um grande shopping em  espaço aberto, na beira do mar. Muito legal! Na volta almoçamos em um dos  restaurantes em Waterfront e deu pra ver que ali é, sem dúvida, um dos lugares mais queridos pelos turistas.

Com as crianças, cada dia tem sido uma aventura diferente.  No fim de semana eu comprei um cortador de unhas e ontem a Mariana (a brasileira de Floripa) e eu limpamos e cortamos as unhas dos pequenos, porque a situação estava tensa. O próximo passo é começar a ensiná-los a escovar os dentes. Vamos torcer para que dê certo. Veremos nos próximos capítulos.

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As diferenças culturais e o voo de parapente

Uma semana por aqui e pouco a pouco vou conhecendo e aprendendo com os diferentes costumes da África do Sul. Primeiro, os carros são projetados como mão inglesa, ou seja, o motorista dirige do lado direito do carro, e as ruas têm o sentido invertido também. Não sei explicar, mas inúmeras vezes eu tentei entrar pelo lado errado da Van. A porta é do lado contrário do motorista, que, pra gente no Brasil,  seria do lado do motorista, entendeu? Não? Ok, é diferente, e por isso sempre me dá um medinho de ser atropelada ao atravessar a rua porque sempre olho pro lado errado. É engraçado quando você vê uma criança no banco do passageiro, na frente, parece que ela tá dirigindo, rsrs.

Outra  coisa engraçada aqui também são os vendedores ambulantes –  o comércio alternativo, ou os famosos camelôs. Todas as vezes que você chega perto pra ver alguma coisa eles já te enchem de perguntas, e se você toca no objeto, ou pergunta o preço, já era! Eles vão te encher o saco e insistir com inúmeros argumentos pra você comprar tal bugiganga. Quase grudam em você e vão na sacola junto com aquilo que você comprou.

A comida aqui é outra coisa doida! Muito, muito, muito, mas muito apimentada! Eu nunca fui muito chegada na pimenta, então tô sofrendo. Sempre tem que ter um copo de água do lado, (acho que por isso que a água é “for free” nos restaurantes por aqui). Enquanto eu e as outras brasileiras reclamamos da pimenta, algumas meninas europeias reclamam que falta pimenta, rsrs. Como não tem muito pra onde correr, escolhi acreditar no Sidnei, um dos caras que cozinha aqui na casa onde estou. Ele diz: “Não é ardido, é sabor, é saúde”.

“Roda, Roda, Roda” e meu cabelo virou brinquedo

Os dias com as crianças têm sido uma loucura, de fato. Na creche em que trabalho são três turminhas, e uma delas tem uma “professora” nova que não tem experiência alguma crianças. Fiquei junto com ela nessa semana. Não imaginava que seria tão desafiador. Como eu já contei aqui, as crianças não falam inglês, a creche não tem estrutura alguma, faltam todos os recursos possíveis e imagináveis para fazer algo bacana e educativo com as crianças dessa idade. Nessa semana rolou um desespero, pedi ajuda para as amigas pedagogas e na medida do possível e da criatividade, eu e as outras voluntárias vamos tentando fazer a rotina das crianças um pouco diferente. Num momento de desespero total, quando a professora dessa turminha não foi, só consegui lembrar da música ” Roda, roda, roda…” e cantei em português mesmo, com intervalos de “Up and Down” para eles levantarem e abaixarem. (Foi ridículo, mas até que eles curtiram!) Todo dia de manhã todas as turminhas cantam várias musiquinhas em khosa e em inglês, e também rezam. É fofo! Com o tempo espero que essa nova professora aprenda essas musiquinhas. (Espero que eu aprenda algo em khosa, também).

Na hora de brincar o meu cabelo tem sido uma diversão para as meninas, elas fingem ser cabeleireiras, fingem pentear e  ficam passando a mão. É engraçado. Com as voluntárias loiras o fascínio  é ainda maior, porque, obviamente não é sempre que as crianças vêem  cabelo dessa cor. O meu óculos também chama muito atenção dos pequenos, porque também não é nada comum ver alguém usando óculos em Masiphumelele (a favela). Mas não sou loca de deixar eles brincarem, ou então ficaria sem ver as belezas aqui, como o pôr do Sol que todo dia é encantador.

Nessa semana, em  uma das tardes fomos ajudar em um projeto em Ocean View, que visa criar uma interação entre diferentes classes e cores aqui na cidade conhecida com “arco-iris”, por meio de brincadeiras com as crianças de diferentes escolas da região. Foi demais! Um dos caras do projeto nos ensinou a tocar um tipo de tambor africano muito loco! Pena que não tenho fotos :/ Outra coisa diferente que fizemos nessa semana foi um workshop de reciclagem em Masiphumelele. Uma senhora, a Yandi, tem tipo uma cooperativa de reciclagem que reaproveita o lixo para fazer artesanato. Que pena (de novo) que não levei a câmera, nem o celular para fotografar o que ela faz. No final da conversa com ela tentamos fazer alguma coisa, o máximo que minha criatividade permitiu foi um porta-retrato feito com plástico de embalagem de produto de limpeza e botão, e também um terço, feito com botão e plástico (foto).

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No ar!

Ontem foi dia de voar de parapente (paragliding) mais uma coisa doida que resolvi fazer por aqui. No primeiro convite neguei com toda segurança. “Jamais vou voar nesse treco, longe de casa ainda, Jesus!” Mas depois pensei, pensei, pensei, e fui com o grupo que iria voar. Apenas para ver, mas chegando lá em Signal Hill, deu uma vontadinha de experimentar, então fui. Foi demais! Não me arrependo, e recomendo, o voo é super tranquilo. Engraçado foi o instrutor, lá em cima me perguntando de onde eu era. Quando disse “Brasil”, ele respondeu na hora: “Aaah World Cup, you lost in a brillant way!” Que pena que o vídeo do voo não pegou essa parte.  É inevitável, para todo mundo que você encontra, quando diz que é do Brasil, sempre tem um comentário sobre a Copa do Mundo, e sempre alguém faz uma piadinha sobre o épico 7×1!

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A aventura na Lion’s Head e os primeiros dias com as crianças

O primeiro domingo aqui em Cape Town, 10/08, dia dos pais no Brasil, foi dia de subir a Lion’s Head, um dos cartões postais da cidade, que fica ao lado da Table Montain, (impossível falar de Cape Town sem mencionar essas maravilhas de Deus). A Lion’s Head é tipo o Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro. A diferença é que não tem bondinho e é possível subir a pé, e foi o que fizemos!

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Lion’s Head: porque parece uma cabeça de leão, de perfil.

A ideia era ver o pôr de Sol lá de cima – lugar de onde é possível avistar toda a cidade e a Robben Island ( ilha onde Mandela ficou preso por 18 anos na época do Apartheid).  Começamos a caminhar 16h45, contemplando toda beleza do lugar =).  A princípio o caminho era uma trilha normal (plana), terra e pedras, mas depois de uns 40 minutos, começamos de fato a subir, subir e subir. O cansaço se misturava com a vontade de chegar lá em cima e com o prazer de apreciar toda a beleza da cidade, do céu, do sol e do mar. No meio do caminho lembrei de Pier Giorgio Frassati, o beato (meu intercessor ;) que subia as montanhas para orar. Ele dizia: ” Quanto mais alto formos, melhor ouviremos a voz de Deus. Quando se vai escalar, é preciso ter a consciência limpa, porque nunca se sabe se haverá volta”.

E subindo a Lions Head, quanto mais alto estávamos, maior o cansaço, e faltando uns 50 metros pra chegar, bem pouco mesmo, na parte mais inclinada onde, de fato, estávamos escalando as pedras, meu corpo pediu socorro e, então, junto com a brasileira Mariana e a suíça Manuella (que também não aguentavam mais), ficamos bem aos pés da parte mais alta da cabeça do leão, e ali vimos o pôr do Sol lindo, lindo, lindo.

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E não bastava apenas ver o Sol caindo no mar, era noite de lua cheia, e lá estava ela pra iluminar nossa descida, porque – detalhe – nós não tínhamos lanterna, e tivemos que esperar mais de uma hora o resto do grupo descer, passar por onde estávamos pra que pudéssemos ir juntos, porque vai que dá uma zica e alguém sai rolando lá de cima ou cai e bate a cabeça numa pedra, ou ainda vira o tornozelo, né? Foi uma das experiências mais insanas, no bom sentido, de toda minha vida!!!

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(Nas fotos: a caminhada, o pôr do Sol, a Lua cheia e eu com cara de cansada lá em cima)

Na segunda-feira, 11/08, comecei a trabalhar nos projetos. De manhã vamos para a favela Massiphumelele, que quer dizer “vai ter sucesso” ou algo assim, segundo a Mama Shala, uma líder comunitária que leva as voluntárias para conhecer a favela e as creches de lá. Projetos bem carentes, em espaços mínimos, sem nenhuma estrutura, um deles é dentro de um contêiner e não tem nem banheiro. As crianças fazem xixi e cocô em um pote.  O meu projeto é o mais organizadinho dos três que os voluntários trabalham por lá. Tem dois banheiros (para 60 crianças!), mas mesmo assim não dá conta e as crianças usam potes. Não tem papel higiênico para todos, tem apenas uma torneira para lavar a mão de todos, poucos brinquedos que não são adequados para a idade deles, enfim, é bem carente. A nossa rotina é ajudar as “Mamas”, as professoras, com atividades recreativas e educativas, com músicas, brincadeiras e etc, além de levar as crianças no banheiro, alimentá-las, limpar a sala e dar todo o suporte.

Hoje uma das mamas não foi  e eu fiquei boa parte do tempo com uma turminha de 2 a 3 anos, (foi tenso), porque detalhe, eles falam Xhosa, uma  das línguas oficiais da África do Sul. Algumas palavras tem um estalo na língua que eu não tenho noção de como faz, mas quero aprender!

Nas segundas, quartas e sextas, no período da tarde os voluntários vão para a comunidade de Ocean View, (comparando com o Brasil, seria tipo uma Cohab) um conjunto grande de predinhos. A comunidade é bem carente, e pelo primeiro dia que eu trabalhei lá, percebi que as crianças são bem violentas. Um  deles apareceu com uma arma de brinquedo, e eles brigam muito com socos,chutes etc. O legal lá é que tem uma super biblioteca comunitária, e então nós levamos as crianças para lá e, mais legal ainda, é que eles se interessam por livros, então nós lemos para eles.  Claro, dependendo da idade, a concentração da criança dura dois minutos, mas ok, é positivol! Em Ocean View eles falam Afrikaner e um pouco de inglês, então  a comunicação fica  mais fácil. No meu primeiro dia , uma menininha, a Atcan, me pediu para ler um livro em inglês, e depois chegaram os irmãos e um primo dela, e eles me trouxeram livros em Afrikaner, outra língua da África do Sul, então eu pedi para eles lerem para mim e eles mesmo iam me explicando a história em inglês! Foi divertido!  Na próxima sexta-feira, as voluntárias que já estão algum tempo por aqui farão  uma gincana com as crianças. Enquanto eu escrevo aqui, elas estão definindo as atividades que vamos fazer.

Ainda não tenho fotos dos projetos, nem das crianças, porque penso que o foco de tudo isso é trabalhar e em um segundo momento registrar. Em breve posto fotos dessas fofuras que me chamam de “teachã” (tipo teacher, com um sotaque!).

 

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Cape [wonderful] Town

Cheguei na Cidade (Maravilhosa) do Cabo, ou Cape Town, porque em inglês é mais bonito, rsrs.

A viagem foi tranquila. A companhia aérea South African é simpática, apesar de ter me assustado num primeiro momento, quando entendi 10% das palavras de saudação do piloto, mas ok, I’m here!

A minha nova casa é uma loucura! It’s “Candy’s house”! A  Candy é uma senhora mega, mega, mega alternativa com uma história de vida que eu ainda estou conhecendo mas que parece muito interessante. No estilo hostel, vivem aqui comigo alemãs, suíças, espanholas, inglesas e uma conterrânea brasileira de Floripa! (Ainda não deu tempo de tirar fotos da casa, que é muito, muito, muito alternativa, no estilo comunidade hippie, mas muito legal!). O pessoal da empresa que coordena todo o voluntariado, a You2Africa, também parece ser bem legal!

Estamos em Kommetjie (que significa “bacia pequena” ou algo assim), um bairro bem afastado do centro, uns 40 minutos de carro. Lindo, top, wonderful! Essa foi a primeira tarde  aqui na rua de “casa”.

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Os dois primeiros dias aqui em Cape Town foram bem de turistas – um tour pelo centro da cidade e outro pela península, onde fica o Cabo da Boa Esperança e o Cape Point (que separa o Oceano Atlântico do Índico), lugares bem históricos, que conversam com a história do descobrimento do Brasil.

Dois dias aqui e a minha cabeça começa pouco a pouco a ficar mais a vontade com o inglês (tô sofrendo um pouco)! Espero evoluir um pouquinho com o passar do tempo. O trabalho com as crianças começa na segunda-feira, em dois lugares: Massiphumelele e Ocean View, aqui na região.  I’m so anxious!

Os tours de ontem e hoje foram incríveis. Conheci a Catedral São George (linda!) as ruas com as casas coloridas, (herança da Holanda na cidade), dei comida para avestruz (depois de fazer um escândalo de medo, típico brasileiro), vi pinguins (cara, pinguins!) e morri de cansaço!

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O altar da Catedral de São George (Lembrei da Comunidade Santa Cruz! A mãe, o crucificado e o amigo amado)
DSC_0037baixaFoto da foto das mãos de um sacerdote (ou bispo), que estava em exposição na Igreja.
DSC_0241baixaA tentativa fail de alimentar os “Ostriches”

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(Sim, tem pinguim na África! Como eles vieram parar aqui, não sei! São bichos fofos, e eu parecia uma criança vendo eles andarem!)
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Onde está o sentido?

Hoje a Banda Rosa de Saron lançou o clipe de uma de suas novas músicas “Cartas ao Remetente“. A letra da canção nos pergunta:

“Se Deus te desse só o amanhã pra sentir o que nunca sentiu, sentiria? Qual seria sua última oração?”

Não foi apenas este trecho que me chamou atenção e me fez escrever sobre o assunto, foi a proposta de busca por um sentido na vida que o clipe apresenta. Uma professora de balé que ensina a superação para suas alunas (Fofas!) e um bombeiro que salva duas crianças de um incêndio. Duas vidas que ganham sentido por dar sentido a outras vidas. Se tudo acabar amanhã, o que restaria? O que eu deixaria para o mundo se Deus me desse só o amanhã?

Nesse contexto, me lembrei do filme A culpa é das estrelas, que também nos leva a pensar “Como queremos ser lembrados? Por quem queremos ser lembrados?” E aí entendemos que apenas o que tem sentido e dá sentido ao outro pode se eternizar no mundo e no coração das pessoas. Qual tem sido o sentido da minha vida? O que tem me movido?

Não consigo organizar as palavras para responder essas perguntas, mas sei que a as responde. É ela que me faz continuar caminhando quando tudo mais parece perdido. Se não creio no Deus que me criou, na sua misericórdia e amor (ainda quando o pecado me cega), e principalmente se não busco viver aquilo que Ele me ensina, toda a minha vida perde  o sentido – o meu trabalho, os meus relacionamentos, os meus estudos e tudo mais. Se alguma vez na vida você já fez algo sem acreditar no que estava fazendo, você me entende. Já diz o grande Papa Emérito Bento XVI:  o jovem não tem medo de desafios, mas tem medo de uma vida sem sentido.

A música da Banda Rosa de Saron diz em uma parte:”Mais que uma razão para se viver, uma verdadeira causa pela qual morrer”. Tenho certeza que  quando se encontra esta causa pela qual morrer, encontra-se o sentido.  Hoje eu desejo que na minha e na sua vida, esta causa seja o Amor, aquele provado no madeiro da cruz por um Deus-homem cujo sentido de sua morte foi nos dar a  vida. 

Assista ao clipe “Cartas ao remetente”:

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#Partiu País da última Copa

Vai começar a tão  esperada (e polêmica) Copa do Brasil (#VaiTerCopaSim), e enquanto isso a ansiedade para conhecer o país da última Copa aumenta! Daqui a exatos  dois meses \o/ lá estaremos – na terra dos Bafana Bafana, das vuvuzelas,  do Apartheid,  de Nelson Mandela e de muitas outras coisas que  não dá pra conhecer apenas pelos livros, pela mídia e pela história!

Qual  o legado de uma Copa para um país tão peculiar como a África do Sul? Claro, vou conhecer apenas um pouco de uma das cidades sedes da Copa de 2010, mas já me pergunto sobre o legado social desse evento, que para o Brasil, já deixa marcas na história.

Compartilho um  vídeo sobre um dos projetos de volunteer o/ para, de fato, compartilhar a minha ansiedade de hoje! #VemAgosto

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A comunicação, o encontro, a unidade cristã e o coração de Jesus

O dia de hoje trouxe algumas reflexões para minha pequena cabeça, aí eu vim pra cá, tentar organizar as ideias que habitam minha mente, e registrá-las, porque talvez possa fazer algum sentido pra você que, neste momento está lendo (ou não). Para começar, hoje é o domingo da Ascensão do Senhor, dia em que, na liturgia,  Cristo sobe aos céus e nos deixa  uma promessa que até esquenta o nosso coração nesse domingo frio de junho: “Eis que estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo“(Mt 28, 20).

É junho! E junho  é o mês dedicado ao Sagrado Coração de Jesus. Aaaah ‘Jesus, manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao vosso!’

Neste domingo também teve início a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, cuja frase tema me impactou: “Acaso Cristo está dividido?” (I Cor 1,1 1-17).  Neste ano Deus me colocou em uma situação em que, a apesar da minha ainda falta de compreensão, tem me edificado muito – o conhecimento e relacionamento com outras igrejas cristãs. Como é bom partilhar os desafios da caminhada, as promessas e o amor da Cruz de Cristo. Mas e quando a gente se depara com os limites e as diferenças de cada uma? Como deixar  a razão, construída pelos homens, dividir os corações, bloquear o diálogo, impedir a unidade, criar muros? “Acaso Cristo está dividido?” Talvez um dia eu volte a escrever sobre isso.

Hoje também celebramos o 48º Dia das Comunicações Sociais (\o/), e a mensagem do Santo Padre nos leva  a pensar na comunicação e no encontro – “Comunicação a serviço de uma autêntica cultura do encontro“. São tantos meios, tanta informação vinda de todos os lados! Mas e a comunicação femaos_dadas_encontroita no encontro, no relacionamento interpessoal, no olhar, no abraço, no silêncio do ouvir?  Diante dessa realidade, Papa Francisco  nos leva a refletir: “Não se trata de reconhecer o outro como um meu semelhante, mas da minha capacidade para me fazer semelhante ao outro. Por isso, comunicar significa tomar consciência de que somos humanos, filhos de Deus. Apraz-me definir este poder da comunicação como «proximidade». (…) Os muros que nos dividem só podem ser superados, se estivermos prontos a ouvir e a aprender uns dos outros. Precisamos de harmonizar as diferenças por meio de formas de diálogo, que nos permitam crescer na compreensão e no respeito. A cultura do encontro requer que estejamos dispostos não só a dar, mas também a receber de outros”.  (Leia toda a mensagem aqui, vale a pena!)

Tô aqui pensando que saber receber, saber ouvir, compreender, de maneira autêntica, é muito (muito mesmo) mais difícil do que dar, do que falar. É complexo e desafiador trabalhar a cultura do encontro numa sociedade tão conectada e ao mesmo tempo tão dividida. Que neste mês bonito de junho, cheio de festa e de cor, fixemos o nosso olhar no coração de Cristo, aquele que promoveu o encontro, que comunicou o amor (sendo Ele o próprio amor) com gestos e com silêncio, e que derrubou os muros dentro e entre os homens.

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